por Miguel Uchôa | 12 mar, 2013 | Blog
Pão da vida, na mesa e no coração
Marcos 8:1-10;1 Coríntios 11:17-34
Aqueles que veem as mãos de Deus em todas as coisas, devem deixar todas as coisas nas mãos de Deus !
Walter B. Knight
O mais nobre sentimento que alguém pode nutrir por outra pessoa, creio eu, é a compaixão. Quando um coração está cheio de compaixão, significa que existe uma ferida aberta que incomoda, dói, machuca quando vemos alguém sofrendo. A compaixão é como um nervo aberto, sensível e que por pouco sente a dor do outro. O texto do evangelho começa dizendo que Jesus teve compaixão daquele povo. Que povo era aquele? Segundo a maioria dos estudiosos nessa 2a multiplicação dos pães e dos peixes Jesus estava lidando com uma maioria de gentios ou seja essas pessoas não eram majoritariamente Judeus. Moravam em Decápolis cidade conhecida por maioria gentílica.
Perceba que Jesus, havia dito que seu foco principal era o povo de Israel, mas seu coração nunca pode pertencer a um povo ou a uma nação. Ele veio para todos aqueles que de coração aberto o recebessem e isso ficou claro mesmo na fase inicial de seu ministério quando ministrava principalmente aos Judeus.
Uma multidão faminta, uma multidão em busca de esperança, em busca de uma palavra de consolo, de amor, esses eram os que ali estavam seguindo a Jesus e caindo ficaram desguarnecidos, provavelmente porque a sua atenção estava em ouvir a Jesus. O Senhor, se compadecendo deles realiza pela 2a vez uma multiplicação milagrosa de peixes e pães. Não podemos tratar esse segundo milagre como algo sem relevância, apenas uma repetição do primeiro, especialmente pelo fato de estar falando a uma maioria não judaica.
Jesus disse que era o pão da vida e quem comesse desse pão jamais teria fome. A compaixão de Jesus nunca permitirá que você tenha fome de Deus, Ele mesmo saciará sempre essa fome com sua presença consoladora, seu amor infinito, suas palavras doces aos nossos ouvidos, seu consolo indescritível. Aquela multidão não fazia ideia do que aconteceria e de como a sua sede seria saciada, mas optou por estar com Ele mesmo assim. Essa é a atitude que precisamos ter. Sempre.
Chegamos à carta aos coríntios e na continuação Paulo está ministrando para aqueles crentes que não haviam compreendido ainda a realidade do que seria o verdadeiro amor de Deus. Sinceramente, creio que apenas rotular esses irmãos de Corinto como cristãos carnais não ajuda muito, pois nós também nos expressamos de algumas maneiras que facilmente poderíamos ser rotulados de carnais. A falta de limites nas celebrações do ágape ( ceia) era uma das coisas equivocadas desses irmãos. Eles estavam comendo a Ceia equivocadamente e usando aquele momento para outros prazeres que não a memória da morte e ressurreição de Cristo. No entanto fico pensando, se o apóstolo desse uma passadinha em algumas festinhas de igrejas evangélicas, talvez se escandalizasse com a atitude de tantos que se jogam em direção às mesas numa gincana do tipo quem pega mais e o que pega de mais.
Paulo esta lidando com cristãos novos, pessoas que habitavam em uma cidade marcada pelo paganismo e divindades e cultos pagãos. Interessante porque o motivo da exortação do apostolo se trata exatamente de comida e da maneira que eles estavam comendo e celebrando a Ceia do Senhor. Mas perceba que a primeira exortação se refere à divisão que existia entre eles, portanto vamos de antemão lembrar que como cristãos somos um corpo, uma igreja e uma das maiores expressões de carnalidade é justamente a falta de sensibilidade para com as diferentes comunidades cristãs. O exclusivismo não faz parte do coração compassivo de Jesus.
De uma forma ou de outra, Jesus será sempre o Pão da Vida, alimentando milhares ou sendo lembrado numa mesa, em torno do pão e do vinho. É Ele quem está conosco, É Ele quem consola, conforta, supre, alimenta o corpo com sua provisão e a alma com o seu Espírito
Tenha certeza de que Jesus está a seu lado, bem aí nesse exato momento, pronto para lhe direcionar para o lugar de abundancia, fartura e prazer e esse lugar não se pode descrever exatamente pois para cada pessoa terá sempre uma conotação particular. Para mim pode ser um livramento de qualquer tipo, pra você pode ser uma palavra de consolo. Não importa, importa sim que Seu coração compassivo nunca permitirá que soframos pelo que Ele mesmo já sofreu em nosso lugar.
Venha para perto de Jesus, ele proverá, celebre Jesus sempre e quando estiver em torno da mesa lembre que aquela mesa é a mesa da provisão pois registra a maior expressão de amor que já se viu, um justo morrer pelo pecados de todos e um Deus que entrega esse justo, seu filho para nossa salvação.
Minha Oração
Deus querido nesse dia onde pude refletir sobre a Tua perfeita provisão , me ajude a perceber a grandeza de Teu poder e de Tua misericórdia. Não permita que minha mente racionalize tanto que embace meus olhos nem que meu coração se endureça ao ponto de não me permitir perceber a Tua doce presença e provisão
por Miguel Uchôa | 11 mar, 2013 | Blog
Peço, mas Deus Realiza
Marcos 7:24-37;1 Coríntios 10:14-11
As pernas que tremem devem ajoelhar-se
E.C. MacKenzie
Hoje voltamos a evangelho de Marcos e na sequência do ministério de Jesus vamos encontra-lo diante de muita gente que o procurava. Diz o texto que ele tentou se esconder, mas não conseguiu. Não devia ser fácil para Jesus circular livremente pois realizando as obras que vinha realizando inevitavelmente atraia para si as multidões em busca de uma esperança para seus males.
Aqui o evangelista narra mais uma ocasião onde a graça de Deus é manifesta e milagres acontecem. Uma mulher grega, não era uma das filhas de Israel, a essa altura Jesus ministrava ainda para os Judeus quase que exclusivamente, mas a resposta daquela mulher chamou a atenção de Jesus, ela insistiu em ser “atendida” e por isso mesmo foi. O resultado foi a libertação de sua filha que sofria com uma opressão maligna.
Nosso relacionamento com Deus, fica mais uma vez claro, deve ir além de normas e regras, além de formalidades litúrgicas e deve sim, se transformar em um constante diálogo, conversas, partilha de sentimentos como também de nossas ansiedades. Nada podia incomodar mais aquela mulher que sua filha sendo possuída por um demônio. Quem já presenciou cenas como essas pode ter a certeza do quão deprimente isso é, ver alguém que você ama, tomado por um espírito maligno.
Mas a palavra de fé, e a insistência daquela mulher que por ser grega, não judia, inicialmente não estava na lista das “prioridades” de Jesus, trouxe para si a atenção do mestre. O mundo em que vivemos jaz no maligno, isso significa que as estruturas deste tempo são dominadas em todas as suas instancias pelas hostes do mal, pelo demônio em si. Não precisamos fazer muito esforço para perceber isso, mas precisamos sim, manter nossos olhos espirituais atentos porque as situações que nos cercam, as pessoas que as vezes estão bem próximas de nós podem estar sim envolvidas por esse “cosmos” e servindo a estas hostes malignas.
No entanto, a nossa esperança está focada e fortemente fundamentada naquele que libertou a filha dessa mulher e tem libertado a todos aqueles que a ele se voltam e como ela mesmo fez, clamam por socorro, ajuda, consolo. O poder de Jesus Cristo vai muito além de nossa limitada capacidade de entendimento. Aprendi com meu primeiro bispo e mentor espiritual que em cada momento onde solicitamos a Deus a sua intervenção não podemos ter a certeza de que o que pedimos vai necessariamente acontecer como queremos, mas temos sim, a certeza de que o nosso papel é interceder, pedir e que segundo a sua perfeita vontade algo irá acontecer e que sempre será para o melhor. Desde então aprendi que meu papel como cristão é fazer o que ele pede, orar, insistir, clamar e o que vem além disso não tem a ver comigo e sim com a sua soberana vontade.
Nunca esqueça que aquele que lhe chamou para junto de si, cuida e cuidará de você da melhor maneira possível, seu plano é perfeito e sua vontade, insondável aos nossos limitados olhos. No momento que escrevo essas linhas estou em uma clínica hematológica onde me submeto a uma medicação que ainda faz parte do tratamento de um câncer que contrai faz mais de dois anos. Nesse mesmo lugar, cheguei inicialmente sem poder andar, gemendo em dores em uma cadeira de rodas. Hoje me vejo aqui sentado nas mesmas poltronas, vim até aqui dirigindo por mim mesmo, me sento tranquilo, trabalho nesse texto, não tenho mais aquelas dores e isso, ha alguns meses seria algo impossível de se imaginar, mas a verdade é que aqui estou, pela exclusiva misericórdia de Deus. Nunca deixei de clamar, nunca deixei de crer e continuo assim, firme no entendimento de que essa é a dinâmica da fé, faço o que de mim é solicitado, e Deus fará sempre a parte dEle e essa é a Sua soberana ação.
A epístola nos lança para a memória de que Jesus se deu por nós e seu corpo e seu sangue representados na Santa Ceia nos lembram isso frequentemente e nos chamam à unidade da fé. Os que adoram, servem, e sacrificam a ídolos fazem isso e comprometem suas vidas a esses mesmos ídolos, mas nós somos chamados a viver a dimensão mais profunda da fé, a coerência de nossas palavras com nossas ações. Não podemos dividir o altar de nossas vidas com as coisas de Deus e as coisas deste mundo imergido no maligno. Perceba que Paulo nos mostra a liberdade que temos em comer o que quisermos, mas nos adverte a termos o discernimento para agir de maneira que não possamos trazer escândalo aos que nos cercam.
Na sua vida, o mal estará sempre em volta, o mundo que jaz no maligno mas o Senhor de sua vida é quem dá o ritmo de sua existência. Tenha sempre equilíbrio para perceber o que lícito e o que é permitido e o que convém. Tenha a certeza de que Ele em Sua imensa misericórdia estará sempre por perto e o seu clamor, como o da mulher grega, chegará sempre aos seus ouvidos e a sua doce voz chegará sempre até você mostrando o caminho, a atitude e trará sempre libertação.
Minha Oração
Pai, te peço hoje que me permitas o discernimento necessário para perceber a malignidade das coisas e fatos que me cercam, o equilíbrio suficiente para saber me comportar diante de cada uma dessas situações e a certeza inabalável de que estas sempre por perto e ao meu clamor, tua prioridade será sempre o melhor para mim.
por Miguel Uchôa | 10 mar, 2013 | Blog
Nos Braços do Pai
Lc 15:1-3, 11b-32;2 Co 5:16-21
Se Deus não estivesse disposto a perdoar os pecados, os céus estariam vazios
Proverbio alemão
A maioria das pessoas olha para esse texto sob uma perspectiva que, apesar de não ser incorreta, limita aquilo que essa rica passagem tem para nos ensinar. Gostaria de lhe apresentar uma perspectiva que vai além da atitude do filho, chamado de pródigo pelas suas atitudes e que nos mostra um Deus que abre seus braços para aquele que, desviando-se do caminho da Graça se perde nos atalhos de sua própria vontade.
Perceba que do outro lado de um filho pródigo, existe um pai magnânimo, amoroso, que espera, que acolhe, e que ama acima de tudo, acima mesmo de nossas equivocadas decisões.
É sempre bom perceber os seguidos equívocos deste filho, até porque, nos ajuda a enxergar com a franqueza que se faz necessária, as nossas próprias atitudes tantas vezes semelhantemente equivocadas. De alguma forma todos nós somos pródigos e o que me consola é olhar para essa penetrante parábola e conseguir me enxergar nela como alguém extremamente carente dos braços desse Pai, que ali estava pronto para acolher aquele que o havia deixado.
Este é o angulo que gostaria de focar nossa reflexão hoje, essa maravilhosa figura de um Deus que abre os braços para cada um de nós, mesmo diante de nossos desvios. Você com certeza deve saber do que estou falando, você deve se conhecer bem o suficiente para reconhecer a sua grande necessidade de perdão, você com certeza sabe o quanto é importante enxergar de longe os braços abertos de um Pai que, sem olhar para a dimensão de seu erro, enxerga seu coração arrependido e carente.
Sempre irão surgir aqueles que não entendem esses braços abertos, aqueles que criticarão todo olhar de misericórdia porque somente enxergam as coisas pelos olhos de uma rigidez legalista e como tenho dito, quando o legalismo entra por uma porta o amor de Deus sai por outra. No dia a dia de sua existência é bem possível que existam situações que espelhem essa realidade, mas além de reconhecer-se como pródigo, nunca se esqueça que ali está, bem adiante, um Pai magnânimo de braços bem abertos. Esses braços lhe acolherão mesmo quando todos os demais se fecharem, esses braços lhe aqueceram , mesmo quando a frieza das mentes cauterizadas recusarem-lhe um espaço.
A segunda carta de Paulo aos coríntios vai nos mostrar hoje que se estamos em Cristo somos novas criaturas e isso consola o nosso coração naqueles momentos onde mesmo nos tornando pródigos temos dentro de nós o Espírito de Deus que nos dá a convicção e o entendimento que o cair e do homem , mas o levantar é de Deus. As coisas velhas passaram e tudo se fez novo, que sentença de vida em meio a tantas sentenças de morte que recebemos as vezes de pessoas em volta de nós mesmos.
Esse Pai magnânimo nos reconciliou consigo em Jesus Cristo. Por isso hoje, se você tem a certeza de que um dia entregou a sua vida a Jesus Cristo, de que confessou a Ele como seu único e suficiente salvador, que confiou a ele a sua eternidade, saiba que nada, nem ninguém pode lhe separara do Seu imenso amor.
Receba hoje essa palavra de animo em meio a possíveis gritos que tentam lhe desanimar, vida em meio a tantos exemplos de morte que talvez lhe cerquem e eternidade, em meio a tantos e exagerados sopros em seus ouvidos de que nessa vida tudo se resolve por aqui mesmo. A bem da verdade, se resolve aqui, mas as consequências nos acompanham para toda a eternidade.
O Pai está bem ali, de braços abertos e lhe recebe com nova criatura mediante o reconhecimento de seus erros, pecados e desvios. Corra para os seus braços.
Minha Oração
Meu Pai, obrigado pelos teus braços sempre abertos, pela tua mão sempre estendida, pela tua graça sempre presente. Quero ser essa nova criatura. A cada dia me traz renovo e fecha meus ouvidos para todas as setas do maligno que tentam me dizer algo diferente disso.
por Miguel Uchôa | 9 mar, 2013 | Blog
Essência
Marcos 7:1-23;1 Coríntios 10:1-13
Ritos e cerimonias colocam-se entre Deus e mim, e se tornam um ídolo,
a não ser que me conduzam a Cristo.
Stanley Jones
A caminhada de Jesus pela palestina de então deu oportunidade para que ele ministrasse em diferentes situações e trouxesse o puro ensino de Deus, aquele que renovava as mentes e os corações, mas que da mesma forma escandalizava os mestres da lei, acostumados a dominar o povo com seus ensinos que muitas vezes iam além da própria lei e se misturava com uma tradição que eles mesmos criaram ou que, encontrando nas Escrituras, davam a elas a relevância que dela nunca foi requerida.
Aqui estamos em mais de uma dessas situações onde Jesus questiona os seus corações e põe em duvida a sinceridade de suas intenções. A tradição judaica da purificação não era um mal em si mesma, era sim uma maneira que Deus havia encontrado de manter a higiene no meio de seu povo assim como alguns mandamentos que foram colocados por Deus durante o período que estiveram peregrinando pelo deserto por quarenta anos. Sabemos hoje que essas regras salvaram aquele povo de uma possível exterminação no deserto por doenças e contaminações. Hoje sabemos que a carne de porco por exemplo precisa ser bem tratada sob risco de trazer doenças, mas seria difícil para Deus explicar àquele povo esses detalhes que hoje conhecemos e, a proibição do consumo daquele tipo de carne os livrou de muitos males. Deus mostra assim a sua onisciência.
Para muitos dos líderes judaicos a tradição começava a suplantar a Palavra revelada de Deus e o ritualismo começava a substituir o relacionamento com o Senhor além disso, a reputação vinha se tornando mais importante do que a verdadeira piedade. Jesus foi direto quanto a isso, classificou essa atitude de hipocrisia. Nossa espiritualidade necessitará sempre de uma sincera manifestação interior quanto exterior, resultado de nossas atitudes.
Quando Jesus ensina que o que contamina o nosso ser não vem necessariamente de fora e sim o que vem de dentro, ou seja das intenções do coração, ele choca a sua audiência religiosa, escandaliza os mestres da lei, quebra costumes e tradições que como vimos vinham se sobrepondo à própria lei. O sábado veio para o homem e não o contrário, a lei veio para beneficiar o ser humano e não para domina-lo, escraviza-lo, mantendo-o em um constante clima de tensão pelo temor de quebrar a norma e nem sempre de estar desagradando a Deus.
Para mim e para você, deve ser salgo encorajador saber que Deus vai ao nosso mais interior em busca de solucionar a raiz dos nossos problemas e não nos manter aparentemente santos enquanto nosso interior despenca e se desagrega. Foi por coisas desse tipo que Jesus chamou os fariseus de “sepulcros caiados” limpos por fora e apodrecidos por dentro.
O mero tradicionalismo vivido por aqueles líderes e muitas vezes vividos em nossos tempos contradiz frontalmente as palavras de Jesus, mostra a face hipócrita de nosso relacionamento com Deus, valoriza a forma e desmente toda a verdade. Eu e você sabemos que nos dias atuais existe muito desse tipo de atitude, muito de tradicionalismo cristão seja ele evangélico, católico romano, pentecostal e de outras matizes do cristianismo, e isso tem afastado o evangelho de muita gente. Talvez você mesmo seja alguém que guarda uma reserva quanto a fé por conta de atitudes extremadas de pessoas que assim se comportam.
Não tenha isso como padrão, o verdadeiro evangelho e a sua pureza de ensino continua valendo e está bastante vivo em nosso meio. A tradição em si não traz nada de mal, elas existe como que uma moldura para trazer significado ao que se pretende apresentar, não foque seu olhar nessa moldura, mas olhe para a fotografia desse lindo quadro que é a perfeita Palavra de Deus, procure vivenciá-la e se beneficiar de tudo que ela promete e realiza.
Paulo na sua carta aos coríntios está tentando mostrar que todos tiveram que passar por semelhantes experiências e que assim todos foram beneficiados dessas mesmas experiências. O povo que passou pelo deserto viveu as mais profundas experiências e mesmo assim, dia o texto, Deus não se agradou de muitos deles, esses foram aqueles que não assimilaram com o coração, mas apenas seguiram a nuvem como guia de suas mentes e não de seus corações.
Nos dias de hoje, que Paulo classifica como final dos tempos, as coisas continuam indo nessa direção, os corações muitas vezes estão empedernidos, as mentes cauterizadas e a cegueira espiritual faz parte de um caleidoscópio de multicoloridas opções que se não discernidas à luz das Escrituras e com o discernimento que tudo isso requer, pode nos levar ao mesmo erro de passar pelo deserto, seguir a nuvem, mas estarmos apenas seguindo com a mente, investigando coma razão, mas tendo o nosso coração distante daquilo que seja a perfeita vontade de Deus. O consolo vem do conselho apostólico de que não há tentação que não seja humana e que com Deus podemos vence-la.
Hoje, entenda que quando você se decidiu por seguir a Cristo, decidiu seguir a um ensino, a uma doutrina, a uma maneira de enxergar o mundo que está por detrás de tudo que aparentemente existe e que nossos olhos mortais podem alcançar. Toda a tradição pode ser boa para nos mostrar, como moldura a verdadeira imagem de Deus, o que passar disso seja anátema.
Minha Oração
Meu Pai, me deixa enxergar apenas a verdadeira imagem, me dá discernimento para ver até onde a moldura de minha humanidade não se confunda com a tua perfeita vontade.
por Miguel Uchôa | 8 mar, 2013 | Blog
Marcos 6:47-56;1 Coríntios 9:16-27
Quando estou fraco, ai que sou forte
Paulo apóstolo
Hoje nos deparamos com dois textos que nos mostram situações e atitudes díspares. O evangelho vai nos mostrar que Jesus “dispensou” os discípulos em um barco e subiu ao monte para orar, para estar com Deus. Lembre que ontem vimos que eles tinham acabado de realizar uma tarefa estafante, tinham alimentado uma multidão de mais de 5 mil pessoas, um milagre de multiplicação do pouco alimento disponível naquele local. Eles já estavam cansados antes e Jesus então se recolhe para estar com Deus. No entanto, mais uma vez ele interrompe seu tempo a sós para socorrer pessoas, desta feita ele percebe que seus companheiros estavam com dificuldades de vencer o forte vento remando naquela embarcação.
Mais uma vez seu coração misericordioso fala mais alto, afinal de contas esse é o coração de Deus. Ele sai de seu pequeno retiro e vai em busca de acudir os seus. Mas curiosamente o texto mostra que os discípulos tinham ainda um coração endurecido. Mas como podemos perguntar, eles acabaram de presenciar um milagre tão relevante ou mais do que Jesus andar sobre as águas, viram cinco peixes alimentar mais de cinco mil pessoas, e seus corações ainda estavam endurecidos?
Não se espante com isso, a natureza humana tem dessas ambiguidades, nossos olhos presenciam milagres mas nossos corações não seguem na mesma proporção quebrantando-se com facilidade. Lute contra todo tipo de incredulidade como quem luta com o seu maior inimigo pois a fé é a certeza das coisas que não conseguimos ver ainda, qualquer ameaça a essa certeza deve ser vista como um grande e poderoso inimigo. Lembre que a descrença impediu milagres na terra natal de Jesus e diante do túmulo de Lazaro Jesus afirmou: “ se creres veras a glória de Deus”.
Por outro lado a epistola vai nos mostrar algo bem diferente. Um homem que passou de perseguidor a seguidor, de algoz a perseguido e que agora não encontra obstáculos para cumprir a tarefa que lhe foi dada. A declaração de Paulo emociona quando vista sob a perspectiva de quem esse homem foi e o que ele viu. Paulo foi o que já comentamos, mas ele não viu sequer um só milagre de Jesus, não presenciou uma oportunidade onde Jesus em carne tenha feito algo sobrenatural, passou a perseguir a igreja nascente após a morte de Jesus, mas aquele encontro perto de Damasco foi o suficiente para encher seu coração de um animo constante e uma diligencia incomum.
Paulo, diferente dos discípulos naquele barco, tinha um coração já amolecido pelo reconhecimento da Graça de Deus, o reconhecimento de quem ele era e a consciência de que Jesus o amou tanto ao ponto de restaurá-lo e chama-lo para uma tarefa tão nobre deu a ele a certeza que ele precisava para sair sem temor e como ele mesmo disse, de graça anunciar o evangelho.
A narrativa apaixonada de Paulo dizendo que de tudo ele fez para ganhar a todos que pudesse mostra onde estava o seu coração, onde estava centrada a sua inabalável fé e esse lugar era a maravilhosa graça de Deus. Isso bastou a Paulo e a pergunta que devemos nos fazer hoje é, o que nos será suficiente, o que nos será necessário, o que nos motivará a sair e anunciar o amor de Deus de maneira tão contagiante.
Os discípulos ainda estavam com seus corações endurecidos, mesmo andando alí pertinho de Jesus. Paulo tinha o destemor mesmo nunca presenciando um milagre, no entanto ele se fez milagre inúmeras vezes, foi instrumento outras tantas e continua sendo até os dias de hoje em nossas vidas.
Hoje você está sendo confrontado(a) com a verdade da fé, a fé consequente, a fé que motivada pela graça de Deus se lança aos maiores desafios e gratuitamente assim como recebeu se faz de tudo para com todos. Pense hoje em sua existência, pense naquilo que tem sido a sua vida, o testemunho que você tem dado, o exemplo que tem deixado, o coração que tem cultivado. Estamos diante de duas possibilidades, ver, presenciar, conviver com os milagres e não reconhece-los endurecendo nossos corações ou, entendendo a graça e seus braços de misericórdia, ter suficiente motivação para viver com toda a intensidade a beleza e a riqueza da fé que você tem em Jesus Cristo, fazendo dele a razão de sua existência e da mesma mostrando a a todos a razão da esperança que há em você.
Minha Oração
Senhor, que a minha vida resgatada diante de tua imensa misericórdia. Me seja suficiente para ter um coração amolecido pelo Teu amor.
por Miguel Uchôa | 7 mar, 2013 | Blog
Tempo é mais que ouro, tempo é sagrado
Mc 6:30-46;1 Co 9:1-15
Falta de tempo é desculpa daqueles que perdem tempo por falta de m´wetodos
Albert Einstein
Hoje estamos vendo Jesus chamando os seus discípulos para um tempo de descanso, um repouso e o evangelista comenta “ …e não tinham tempo nem para comer” apesar de existirem pessoas que usam esse texto para justificar até férias de luxo, não podemos fugir da necessidade de repouso em meio a missão, a labuta, o trabalho do dia a dia seja ele no ministério ou em qualquer área da vida. É comum se escutar de pessoas, com um tom de orgulho, sobre a escassez de tempo que suas vidas atarefadas provocam. Compreendo nisso uma necessidade pessoal de se justificar e de transparecer para um mundo que demanda coisas desse tipo e que tipifica o descanso como algo desprezível e reservado aos fracos.
Mas não é assim que Jesus entende, não é assim que a Bíblia nos ensina. Aqui nesse texto o grupo estava aparentemente estafado, a tarefa de evangelizar tomava deles todo o tempo, estavam cuidando das coisas de Deus e, em um caráter de urgência. Mesmo assim Jesus os chama para repousar.
A demanda no entanto era imensa e o coração misericordioso de Deus se expressa na decisão de cuidar daquela multidão que a seus olhos, eram como ovelhas sem um pastor… ovelhas sem pastor são desprotegidas, frágeis, expostas aos perigos dos lobos que estão sempre ao derredor. Em meio ao descanso virá sempre a demanda da missão e as duas coisas devem caminhar juntas em nossas vidas. O coração largo deve estar sempre pronto a acolher, a cuidar, a ouvir, consolar.
Talvez seu tempo seja escasso e para você tenho uma palavra, atente para organiza-lo de maneira que possa servir a Deus e cumprir com todas as suas obrigações. Nunca se orgulhe de não ter tempo para nada, isso pode revelar uma vida em pecado, o pecado da ausência de uma visão de mordomia que se alinhe com o propósito de Deus. A perfeita vontade de Deus mostrará sempre que há tempo para tudo e a sabedoria de Eclesiastes já afirmou isso. Desta forma resista a tirania do tempo, rejeite o padrão mundano de ver as coisas e observe-as na perspectiva de Deus.
Se você é um pastor, missionário que trabalha de tempo integral na obra de Deus, entenda que o seu tempo precisa ser regrado segundo a perfeita vontade de Deus e que repousar faz parte de sua espiritualidade equilibrada. Enquanto escrevo essas linhas estou em meu dia de descanso, repousando com minha esposa, hoje já nos divertimos, relaxamos, conversamos, planejamos e nos demos o direito de desfrutarmos de nossa mutua presença, isso para nós é algo resolvido, o que lamentavelmente não o é para muitos lideres cristãos que se sentem intimidados de passear em um shopping center ou um cinema com receio de ser visto pelos outros como alguém que não trabalha.
Paulo, coloca na epistola uma comparação clara entre o trabalho e a tarefa da evangelização com qualquer outro trabalho, seus exemplos, retirados das escrituras judaicas, o Antigo Testamento, são todos colocados de maneira a questionar o tipo de trabalho que é a obra do ministério cristão. Atente para o que ele escreve, veja que é uma clara resposta a pessoas que estavam questionando seus direitos de ser remunerado, de ter uma esposa, de ter dignidade naquilo que executa. A nobreza da tarefa do ministério é portanto inquestionável.
Mas talvez você não seja um obreiro, pastor e assim não se encaixe nesse específico contexto. No entanto, você deve saber que cada cristão é um ministro de Deus. Uma das marcas das Escrituras Sagradas do Novo Testamento é a chamada a todos para serem sacerdotes, o que chamamos de sacerdócio universal significa exatamente isso, não há mais empecilhos, não há mais barreiras e todos temos acesso à plena presença de Deus como privilégio e assim temos também , segundo o mesmo apóstolo, o ministério da reconciliação, somos embaixadores de Cristo nesse mundo.
Portanto hoje, vimos o quanto é importante ter a noção exata do que significa trabalhar e repousar, cumprir o ministério, a missão, dentro daquilo que Deus nos chamou. Onde você esteja, qualquer que seja a sua vocação lembre-se sempre que Deus tem uma obra a realizar através de sua vida e somente você poderá realiza-la. Busque isso dentro de todo equilíbrio, estando assim dentro do propósito de Deus.
Minha Oração
Senhor, me ajude a dispensar tempo para tudo que preciso e que assim eu possa fazer tudo que tu precisas cumprindo assim minha missão.